quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Trabalhos Da Turma A1 - Colégio de Aplicação Dr. Paulo Gissoni e Colégio Castelo Branco

Componentes do grupo:  Claudio José, Gabriel Gonçalves, Willian Kevin, Thales Lopes, Luiz Guilherme, Augusto Sordi, Vitor Carneiro, Patrick Farias e Carlos Eduardo.

Cantigas de Amigo

O que é Cantiga de Amigo?
Predomínio do  eu - lírico feminino. Possui uma maior simplicidade estilística e seus textos são inspirados na vida popular. A mulher estabelece uma relação com a natureza. O texto é baseado na espera de um amado que se foi e na expectativa de um possível encontro.

Trovadorismo
Cantiga de amigo

Ondas do mar de vigo
Se vires meu namorado!
Por Deus, (digam) se irá cedo!
Ondas do mar revolto,
Se vires meu namorado!
Por Deus, (digam) se virá cedo!
Se vires meu namorado,
Aquele por quem eu suspiro!
Por Deus, (digam) se virá cedo!
Se vires meu namorado
Por quem tenho grande temor!
Por Deus, (digam) se virá cedo!



Martin Codax, CV 884, CBN 1227



Atrás da Porta
Chico Buarque
Composição: Francis Hime/Chico Buarque

Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei, eu te estranhei
Me debrucei sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teu peito, teu pijama
Nos teus pés ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua



Componentes do grupo: Juliana Hilario, Andressa oliveira, Deborah Fiusa, Daniel Alves, Luan Lira, Ygor Rodrigues, Lucas Menezes, Deivison da silva

Cantiga: maldizer





O que é cantiga de maldizer?
A cantiga de maldizer critica a pessoa abertamente, utilizando do palavreado de baixo calão e o nome da pessoa criticada. Seu discurso é direto, claro e ofensivo.





“GENI”, de Chico Buarque de Holanda



De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes,
Dos cegos, dos retirantes:
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato.
É a rainha dos detentos,
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato.
E também vai amiúde
Co'os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir.
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir:
Joga pedra na Geni!
Joga pedra na Geni!
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!
Um dia surgiu brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim.
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim!
A cidade apavorada,
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia.
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo: –“ Mudei de idéia!
 Quando vi nesta cidade
 Tanto horror e iniqüidade
Resolvi tudo explodir.
 Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
 Esta noite me servir.”:
Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar,
Ela é boa de cuspir,
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!
Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni
Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal Amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir,
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!





Roi Queimado morreu con amor
en seus cantares, par Sancta Maria,
por Da dona que gran ben queria:
e, por se meter por mais trobador,
porque lhe ela non quis ben fazer,
feze-s'el en seus cantares morrer,
mais resurgiu depois ao tercer dia!
Esto fez el por üa sa senhor
que quer gran ben, e mais vos en diria:
por que cuida que faz i maestria,
enos cantares que faz, á sabor
de morrer i e des i d'ar viver;
esto faz el que x'o pode fazer,
mais outr'omem per ren' nono faria.
E non á já de sa morte pavor,
senon sa morte mais la temeria,
mais sabe ben, per sa sabedoria,
que viverá, des quando morto for,
e faz-[s'] en seu cantar morte prender,
des i ar vive: vedes que poder
que lhi Deus deu, mais que non cuidaria.
E, se mi Deus a mim desse poder
qual oj'el á, pois morrer, de viver,
já mais morte nunca temeria.

Pero Garcia Burgalês, CV 988, CBN 1380
 



Componentes do grupo: Marcelo,, Renan C., Alexandro Rodrigues, Matheus O., Atila Freitas, Leandro.

Cantiga: Amor
 

O que é cantiga de amor?
Cantiga de amor tem a convicção de um eu - lírico masculino na figura de um vassalo, que se declara a sua dona. O cavalheiro se dirige à mulher amada como uma figura idealizada, distante. O poeta, na posição de fiel, se põe a serviço de sua senhora, dama da corte, tornando esse amor um objeto de sonho, distante, impossível.


Quero à moda provençal
      fazer agora um cantar de amor,
      e quererei muito aí louvar minha senhora
      a quem honra nem formosura não faltam
      nem bondade; e mais vos direi sobre ela:
      Deus a fez tão cheia de qualidades
      que ela mais que todas do mundo.
      Pois Deus quis fazer minha senhora de tal modo,
      quando a fez, que a fez conhecedora de,
       todo bem e de muito grande valor,
      e além de tudo isto é muito sociável
      quando deve; também lhe deu bom senso,
      e desde então lhe fez pouco bem
      impedindo que nenhuma outra fosse igual a ela
      Porque em minha senhora nunca Deus pôs mal,
       mas pôs nela honra e beleza e mérito
      e capacidade de falar bem, e de rir melhor
      que outra mulher também é muito leal
      e por isto não sei hoje quem
      possa cabalmente falar no seu próprio bem
     pois não há outro bem, para além do seu.

El-Rei D. Dinis, CV 123, CBN 485





Chico Buarque
Composição: Francis Hime/Chico Buarque
Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar nosso amor
Modesto
Um tipo de amor
Que é de mendigar cafuné
Que é pobre e às vezes nem é
Honesto
Pechincha de amor
Mas que eu faço tanta questão
Que se tiver precisão
Eu furto
Vem cá, meu amor
Aguenta o teu cantador
Me esquenta porque o cobertor é curto
Mas levo esse amor
Com o zelo de quem leva o andor
Eu velo pelo meu amor
Que sonha
Que enfim, nosso amor
Também pode ter seu valor
Também é um tipo de flor
Que nem outro tipo de flor
Dum tipo que tem
Que não deve nada a ninguém
Que dá mais que maria-sem-vergonha
Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar nosso amor
Barato
Um tipo de amor
Que é de esfarrapar e cerzir
Que é de comer e cuspir
No prato
Mas levo esse amor
Com zelo de quem leva o andor
Eu velo pelo meu amor
Que sonha
Que, enfim, nosso amor
Também pode ter seu valor
Também é um tipo de flor
Que nem outro tipo de flor
Dum tipo que tem
Que não deve nada a ninguém
Que dá mais que maria-sem-vergonha




Cantiga de escárnio

Uma das cantigas satíricas apresentadas no Trovadorismo é a de escárnio, que apresenta, sobretudo, interesse histórico. Isso porque através dela percebemos características da sociedade da época, ainda que utilizando uma crítica mais suave, subjetiva e indireta. De certa forma, utilizando das mesmas características das cantigas de escárnio, temos na obra de Chico Buarque, na época da ditadura militar, também críticas as quais apresentam subjetividade devido à censura da época.


Cantiga de escánio
por Pero Larouco
Sobre vós, senhora, eu quero dizer verdade
e não já sobre o amor ue tenho por vós:
senhora, bem maior é vossa estupidez
do que a de quantas outras conheço no mundo
tanto na feiúra quanto na maldade
não vos vence hoje senão a filha de um rei
Eu não vos amo nem me perderei
de saudade por vós, quando não vos vir.





MEU CARO AMIGO (FRANCIS HIME – CHICO BUARQUE)

Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando, que também, sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se me permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo pessoal
Adeus

Um comentário:

Ana Maria Melo deLima disse...

Tão sensível,tão INTELIGENTE,mas, infelizmente induz à sociedade a um mal tão obscuro que é a atual política nacional,.Justificar o atual erro por conta de uma possibilidade da volta do período da ditadura?Endeusar o que não pode ser Deus?.Por que tamanha sensibilidade insiste em ver o bem que não é mais o bem;por que teimar em querer que o Brasil fique nas mãos de pessoas que ,por mais que pareçam inocentes,não são.Todos lameiam a nação:TODOS.Meu caro amigo,Chico,sejamos imparciais,não coloquemos na fogueira uma nação tão linda por opiniões próprias,já que o verdadeiro objetivo da político é atender o coletivo de forma sadia.